Pulso de luz induz nova fase eletrônica estável em filmes ultrafinos de bismuto seleneto

Um grupo internacional de pesquisadores demonstrou que é possível acionar uma transição de fase em sólidos apenas redirecionando o fluxo de elétrons, sem recorrer a calor, pressão ou alterações químicas. O resultado foi obtido em filmes ultrafinos de bismuto seleneto (Bi2Se3) e descrito na revista Advanced Science, em artigo publicado em 8 de novembro de 2025.

Quem, o que, quando, onde e como

Quem: cientistas de universidades na Coreia do Sul e em outros países.

O que: observaram uma fase eletrônica duradoura gerada apenas pelo fluxo de carga.

Quando: experimentos concluídos e artigo divulgado em 08/11/2025.

Onde: laboratórios equipados com fontes de pulsos ultracurtos de luz e sondas de radiação terahertz.

Como: aplicando pulsos ópticos de 60 femtossegundos e monitorando a condutividade com espectroscopia terahertz.

Dois canais de condução

O Bi2Se3 é um isolante topológico: conduz eletricidade na superfície, mas não no interior. Isso cria dois canais de transporte — o topological surface state (superficial) e o confined bulk state (interior) — separados, mas suficientemente próximos para trocar carga quando perturbados.

O experimento

1. Um pulso de luz de 60 fs retira os elétrons do equilíbrio.

2. Em seguida, feixes de radiação terahertz medem, em tempo real, a condutividade de cada canal.

Etapas da transição

Primeira fase (1–3 ps): a condutividade superficial cai enquanto a do interior sobe, indicando fluxo de elétrons da superfície para o interior.

Segunda fase (~10 ps): o processo se inverte; a superfície passa a conduzir mais que no estado inicial e o interior menos. Os pesquisadores atribuem essa inversão à formação de êxcitons espaciais — pares elétron-lacuna distribuídos entre os dois canais.

Essa nova configuração persiste por mais de 600 ps, tempo muito superior ao relaxamento típico de elétrons em materiais semelhantes.

Condições necessárias

Energia mínima do pulso: cerca de 18 µJ/cm². Abaixo desse valor, o material retorna ao equilíbrio original.

Espessura do filme: pelo menos cinco camadas atômicas. Amostras mais finas perdem a distinção entre superfície e volume e não exibem a segunda fase.

Implicações

O estudo comprova que a simples direção do fluxo de elétrons pode estabilizar um novo estado eletrônico, sugerindo caminhos de baixo consumo energético para comutação ultrarrápida em dispositivos ópticos e eletrônicos.

Com informações de Nanowerk

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