São Paulo – A Operação Spare, deflagrada na manhã desta quinta-feira (25/9) pelo Ministério Público de São Paulo (MPSP), identificou que mais de 60 motéis da capital, região metropolitana e litoral paulista foram usados para lavar aproximadamente R$ 450 milhões entre 2020 e 2024. Os estabelecimentos estavam em nome de laranjas e integravam um esquema ligado à facção Primeiro Comando da Capital (PCC).
Como funcionava o esquema
De acordo com a Receita Federal, os motéis distribuíam lucros e dividendos aos integrantes da quadrilha. Em um dos casos, 64% do faturamento bruto declarado foi repassado aos sócios. O grupo também adquiriu imóveis e bens de alto valor por meio de empresas de fachada. Os investigadores estimam que os ativos já localizados representem apenas 10% do patrimônio real dos envolvidos.
Motéis já identificados
- Maramores Empreendimentos Hoteleiros (Ribeirão Pires)
- Motel Uma Noite em Paris (Itaquaquecetuba)
- Motel Chamour (zona leste de São Paulo)
- Motel Casual (Santo André)
- Sunny Empreendimentos Hoteleiros (Santo André)
- Mille Motel (zona leste de São Paulo)
- Marine Empreendimentos Hoteleiros (São Bernardo do Campo)
- Ceesar Park Empreendimentos Hoteleiros (São Bernardo do Campo)
- Motel Vison (Guarulhos)
- RCS Empreendimentos Hoteleiros – Motel Anonimato (Santos)
- São Vicente Empreendimentos Hoteleiros (São Vicente)
Mandados e alvos
Ao todo, 25 mandados de busca e apreensão são cumpridos em São Paulo, Santo André, Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco. O principal investigado é o empresário Flávio Silvério Siqueira, o “Flavinho”, suspeito de lavar dinheiro do crime organizado por meio de postos de combustível e casas de jogos de azar.
Fintech e outros setores
As transações financeiras passavam pela fintech BK Bank, já citada em outras investigações sobre fraude no setor de combustíveis. A Receita Federal rastreou ainda:
- 267 postos de combustíveis ainda ativos, com movimentação de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024 e recolhimento de apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais;
- 21 CNPJs ligados a 98 lojas de franquia, que movimentaram R$ 1 bilhão no mesmo período;
- Empresas que distribuíram R$ 88 milhões em lucros e dividendos e pagaram R$ 25 milhões em impostos federais, valor equivalente a 2,5% do faturamento.
Expansão imobiliária
Os investigadores também verificaram compras de imóveis por CNPJs vinculados aos motéis, como uma unidade de R$ 1,8 milhão em 2021 e outra de R$ 5 milhões em 2023. Sociedades em Conta de Participação (SCPs) foram usadas para erguer prédios residenciais em Santos durante a década de 2010; pelo menos 14 empreendimentos teriam movimentado R$ 260 milhões entre 2020 e 2024.

Imagem: Internet
O MPSP, a Receita Federal, a Secretaria da Fazenda de São Paulo, a Procuradoria-Geral do Estado e a Polícia Militar participam da operação. A defesa dos estabelecimentos citados foi procurada, e o espaço permanece aberto para manifestação.
Com informações de Metrópoles







