O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou nesta segunda-feira (data local) diante do Parlamento israelense que o cessar-fogo alcançado na Faixa de Gaza representa “o início histórico de um novo Oriente Médio”. A trégua foi negociada pela Casa Branca e prevê a libertação de quase 2.000 palestinos detidos em prisões israelenses.
“Depois de tantos anos de guerra incessante, hoje os céus estão calmos, as armas silenciosas e o sol nasce sobre uma terra santa finalmente em paz”, declarou o chefe da Casa Branca, acrescentando que “as forças do caos que assolavam a região estão totalmente derrotadas”.
Interrupção no Knesset
O discurso foi interrompido quando os deputados israelenses Ayman Odeh, que exibiu um cartaz com a frase “Reconheça a Palestina”, e Ofer Cassif tentaram protestar. Ambos foram retirados do plenário. “Isso foi muito eficiente”, ironizou Trump após a remoção dos parlamentares.
Detalhes do acordo
A trégua encerra dois anos de confrontos iniciados em 7 de outubro. Pelo acerto, além da libertação de presos palestinos, o Hamas devolverá 27 corpos de reféns mortos em cativeiro e os restos mortais de um soldado israelense morto em 2014. Em troca, Israel soltará 250 detidos por questões de segurança e cerca de 1.700 palestinos capturados durante a ofensiva mais recente.
Trump agradeceu a “todas as nações árabes e muçulmanas” que pressionaram o Hamas pela libertação dos reféns, classificando o resultado como “um triunfo para Israel e para o mundo”.
Planos regionais e viagem ao Egito
O presidente norte-americano viaja em seguida a Sharm el-Sheikh, no Egito, onde, ao lado do presidente Abdel Fattah al-Sisi, comandará uma cúpula internacional para endossar seu plano de 20 pontos para Gaza, anunciado em setembro. A proposta inclui a criação de um órgão de governo para o território devastado — liderado pelo próprio Trump — e a substituição gradual das tropas israelenses por uma força multinacional coordenada por um centro de comando chefiado pelos EUA em Israel.
Negociadores ainda discutiam no domingo nomes de sete líderes palestinos cuja libertação é exigida pelo Hamas; Israel já rejeitou ao menos um deles. O primeiro-ministro Benjamin Netanyahu não participará da cúpula devido ao início de um feriado religioso.

Imagem: Reuters
Netanyahu elogia presidente norte-americano
Antes da fala de Trump, Netanyahu descreveu o republicano como “o maior amigo que Israel já teve na Casa Branca” e disse acreditar em novos acordos de paz com países árabes e muçulmanos “dentro e além” da região.
Situação em Gaza
Em Gaza, a trégua trouxe alívio, mas grande parte do enclave está em ruínas. “Voltei para Sheikh Radwan com o coração tremendo”, relatou Fatima Salem, 38 anos, contando que pretende erguer uma tenda sobre os escombros de sua antiga casa. Segundo autoridades locais, a ofensiva israelense deixou ao menos 67.869 mortos, número que pode ser maior devido aos corpos soterrados.
O Hamas pediu aos mediadores que garantam a continuidade do cessar-fogo e a não retomada das operações israelenses. Trump, contudo, declarou a jornalistas a bordo do Air Force One acreditar que “a guerra acabou” e que “as pessoas estão cansadas” após “séculos” de conflito.
Com informações de Dawn