A mobilização de grupos de esquerda contra a PEC da Blindagem e contra a anistia aos condenados de 8 de Janeiro gerou, no WhatsApp, volume de mensagens maior que o registrado nas manifestações bolsonaristas do 7 de Setembro. O levantamento foi feito em tempo real pela Palver, que monitora mais de 100 mil grupos públicos na plataforma.
Segundo o monitoramento, até as 18h de 21 de setembro, dia marcado para os protestos, havia 865 menções a convocações ou comentários sobre o ato a cada 100 mil mensagens trocadas. Nos atos pró-anistia de 7 de Setembro, esse índice havia sido de 724.
Como começou a mobilização
A articulação teve início em 18 de setembro, um dia depois de a Câmara aprovar, em votação simbólica, o requerimento de urgência para o projeto que concede anistia aos envolvidos nos ataques de 8 de Janeiro. Na véspera, 16 de setembro, os deputados aprovaram a PEC da Blindagem — proposta que condiciona a abertura de investigações criminais contra parlamentares no STF à autorização do Congresso.
O avanço da PEC motivou críticas intensas nas redes sociais. Expressões como “bandidagem” e “corrupção” passaram a ser recorrentes, sobretudo em grupos menos politizados, onde a proposta foi associada à impunidade.
Participação dos artistas
A divulgação de shows gratuitos de Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil no protesto do Rio de Janeiro impulsionou ainda mais o engajamento durante o fim de semana que antecedeu o ato.
Críticas internas ao PT
Apesar de a maioria das críticas mirarem deputados do centrão e da direita — entre eles o presidente da Câmara, Hugo Motta, e o deputado Nikolas Ferreira —, circulou em grupos de esquerda uma lista com os oito parlamentares do PT que votaram a favor da PEC. Mensagens de repúdio e pedidos de expulsão desses nomes representaram cerca de 10% dos ataques registrados.

Imagem: Internet
Disputa de narrativas
Até 18 de setembro, o debate sobre anistia e blindagem era dominado pela direita, que respondia por 70% a 90% das mensagens sobre o tema. A partir dali, o equilíbrio começou a mudar: críticas à anistia cresceram, empataram a discussão e alcançaram cerca de 60% das mensagens no momento de maior pico da esquerda.
Mesmo assim, o relatório aponta que o fluxo de publicações pró-anistia se mantém alto e constante, raramente ficando abaixo da metade das mensagens. O dado relevante, de acordo com os pesquisadores, é o fato de a mobilização ter ocorrido sem o protagonismo de lideranças petistas, sinalizando descontentamento popular espontâneo com a PEC da Blindagem.
O ato de 21 de setembro aconteceu duas semanas após as manifestações bolsonaristas do feriado da Independência, confirmando a disputa por espaço digital entre campos opostos.
Com informações de Folha de S.Paulo