Operação desmantela esquema bilionário de mineração ilegal em Minas Gerais

Vídeos, áudios e documentos obtidos pela Polícia Civil revelam um esquema de corrupção que movimentou bilhões de reais por meio de mineração ilegal em Minas Gerais. O grupo é acusado de explorar áreas protegidas, subornar servidores públicos e provocar danos ambientais em Ouro Preto e região.

Trio apontado como liderança

As investigações indicam que Alan Cavalcante do Nascimento, João Alberto Paixão Lages (ex-deputado estadual) e Helder Adriano de Freitas chefiavam a organização criminosa. Os três foram transferidos para o presídio federal de segurança máxima em Campo Grande, fato inédito para envolvidos em crimes ambientais.

Alan Cavalcante foi denunciado pela ex-mulher, que relatou o armazenamento de US$ 10 milhões em malas escondidas em Alagoas. Ele também teria adquirido imóveis em prédios onde residiam juízas responsáveis por processos contra suas empresas.

Empresas e cifras

A Patrimônio Mineração, ligada aos investigados, alterou a paisagem da Serra de Ouro Preto, tombada como patrimônio da humanidade. Uma gruta foi soterrada durante a extração de minério.

Já a Fleurs Global, responsável pelo beneficiamento do minério, movimentou mais de R$ 4 bilhões em cinco anos e é apontada como o núcleo financeiro do esquema.

Servidores sob suspeita

Entre os suspeitos de receber propina para favorecer o grupo estão:

  • Caio Mário Trivellato Seabra Filho – diretor da Agência Nacional de Mineração (ANM);
  • Rodrigo de Melo Teixeira – delegado da Polícia Federal e suposto sócio oculto de uma das empresas;
  • Arthur Ferreira Rezende – diretor da Fundação Estadual de Meio Ambiente (Feam);
  • Rodrigo Gonçalves Franco – ex-presidente da Feam.

A ANM declarou, em nota, que colabora com as autoridades. As defesas dos demais citados não foram localizadas.

Ameaças e pressão política

Relatórios apontam que João Alberto ameaçou a então secretária de Meio Ambiente de Minas Gerais, Marília Carvalho de Melo, após ela negar licenças ao empreendimento. “Minha atuação foi garantir a legalidade e, por isso, fui ameaçada”, disse a gestora.

Impacto em comunidades

Moradores do distrito de Botafogo, em Ouro Preto, relatam diminuição drástica no fornecimento de água desde o avanço das atividades de mineração. “Sempre teve água, mas a cada ano vai sumindo mais”, contou o aposentado Antônio Siqueira Sobrinho.

Paralisação e recuperação

Com a operação policial, a extração na Serra de Botafogo foi suspensa. A professora Cristiane Castro Gonçalves, da Universidade Federal de Ouro Preto, alerta para a urgência de reabilitar as áreas degradadas: “É uma região impactada que exige licenciamento responsável e fiscalização efetiva”.

Com informações de g1 – Fantástico

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