O ex-embaixador do Brasil nos Estados Unidos Roberto Abdenur afirmou que a participação de Donald Trump nas tratativas sobre o conflito Israel-Gaza impôs limites ao primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, e levou o Hamas a alterar a ordem de suas prioridades, adiando a libertação de reféns.
Em entrevista ao UOL News, Abdenur disse que a opinião pública norte-americana tornou-se “crescentemente crítica” em relação às ações de Israel em Gaza, circunstância que, segundo ele, pressiona Trump a adotar postura de moderador. “Trump preconizava a limpeza étnica de Gaza e agora se apresenta como um facilitador da paz”, declarou.
De acordo com o diplomata, a mudança no cenário doméstico dos EUA, somada ao clamor israelense pelo retorno dos capturados, restringe a margem de manobra de Netanyahu. “Trump conseguiu, pela primeira vez, puxar o freio de mão do Netanyahu”, avaliou, embora ressalte que os bombardeios israelenses continuam, agora descritos por Tel Aviv como “cirúrgicos”.
Abdenur também observou que o Hamas colocou a troca de prisioneiros no fim da agenda como forma de se proteger de eventuais novos ataques após uma eventual libertação. “O grupo quer garantia de que Israel não voltará a repetir a destruição em Gaza”, afirmou, lembrando que países árabes consultados pelos EUA sobre a formação de uma força de paz exigem a mesma segurança.

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Para o ex-embaixador, a delicada situação política interna de Netanyahu, marcada por forte cobrança popular pelo fim da guerra e pela recuperação dos reféns, soma-se às pressões externas capitaneadas por Trump e contribui para a atual inflexão de Israel no conflito.
Com informações de UOL