O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), pretende conversar ainda neste fim de semana com o deputado federal Paulinho da Força (Solidariedade-SP), escolhido para relatar o projeto de lei da anistia na Câmara dos Deputados.
Tarcísio foi um dos principais articuladores da aprovação do regime de urgência da proposta durante a primeira semana de julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Segundo aliados, o governador espera que Paulinho dialogue com ele e outros governadores antes do avanço da matéria na próxima semana.
Receio entre aliados de Bolsonaro
Em São Paulo, integrantes do bolsonarismo criticam a possibilidade de o relatório substituir a anistia ampla por uma revisão da dosimetria — o cálculo que define o tempo de prisão dos condenados pelo golpe. Apesar do descontentamento, o grupo aguarda o encontro entre Tarcísio e Paulinho antes de tomar medidas contra o texto. O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, já sinalizou disposição para obstruir votações se a mudança for mantida.
Lobby em Brasília e foco na reeleição
Na terça-feira (16), durante visita a Brasília, o governador afirmou que havia cumprido sua missão ao garantir a urgência do projeto. Nos dias seguintes, voltou a dizer que sua prioridade é a reeleição ao Palácio dos Bandeirantes, embora aliados enxerguem nele um potencial candidato ao Planalto.
Relações políticas e críticas internas
Tarcísio mantém boa relação com Paulinho desde a campanha municipal que reelegeu o prefeito Ricardo Nunes (MDB) no ano passado. Mesmo assim, o nome do relator não agrada a parte da base bolsonarista. O vice-prefeito da capital, coronel Mello Araújo (PL), classificou como “absurdo” transformar a anistia em apenas uma redução de penas e disse que Paulinho “se move por interesses”. A declaração faz referência a um encontro do deputado com Aécio Neves (PSDB) e Michel Temer (MDB) na noite de quinta-feira (18).
Imagem: Internet
Outra voz contrária à escolha foi a da deputada federal Rosana Valle (PL-SP), recebida por Tarcísio no Palácio dos Bandeirantes nesta sexta-feira. Para ela, a indicação de Paulinho, tomada pelo presidente da Comissão, Hugo Motta (Republicanos-PB), levanta suspeitas de influência do governo do presidente Lula.
A reportagem procurou Paulinho da Força e sua assessoria, mas não obteve retorno até a publicação desta notícia.
Com informações de Folha de S.Paulo
