A fintech britânica Revolut deu mais um passo para iniciar operações na Índia e promete atacar as altas tarifas cobradas por bancos em transações internacionais. Segundo a empresa, os indianos gastam cerca de US$ 30 bilhões por ano no exterior e deixam aproximadamente US$ 600 milhões em taxas, valor classificado como “criminoso” pela diretora-geral local, Paroma Chatterjee.
Licenças e aquisições
Desde 2021, a companhia trabalha para desembarcar no país. Em 2022, comprou a corretora Arvog Forex para obter licença de câmbio e contas multicurrency. Já em abril de 2025, recebeu do Banco Central da Índia o registro de Prepaid Payment Instrument (PPI), que autoriza a emissão de cartões pré-pagos, integração ao sistema estatal UPI e oferta de carteiras digitais.
Meta de 20 milhões de usuários
Com as autorizações, a Revolut pretende concorrer diretamente com bancos tradicionais e outras fintechs. O foco inicial está em cerca de 150 milhões de indianos digitalmente ativos, entre 25 e 45 anos. A meta é conquistar 20 milhões de clientes até 2030 e movimentar pelo menos US$ 7 bilhões em transações.
Produtos previstos
- Carteira pré-paga com suporte a UPI e identificadores próprios;
- Cartão Visa doméstico e cartão Visa internacional multicurrency;
- Contas para crianças e adolescentes vinculadas ao perfil dos pais;
- Modelo de assinatura, ferramentas de orçamento e análise de gastos.
A fintech recebeu permissão para pagamentos e transferências dentro e fora do país, além de remessas internacionais no mesmo dia por meio de um banco parceiro.
Cadastro completo e verificação global
Diferentemente de concorrentes que utilizam verificação mínima de identidade, a Revolut exigirá processo KYC completo, com checagem em listas de sanções internacionais, apresentação do documento Aadhaar e verificação por vídeo. A empresa diz buscar usuários “de alta intenção”, mais dispostos a concluir etapas detalhadas de onboarding.
Estratégia de rentabilidade
Chatterjee afirmou que o sucesso será medido pelo engajamento e pela lucratividade, não apenas pelo número de downloads. No mundo, a Revolut atua em 39 países, reúne 65 milhões de clientes ativos mensais superiores a 25 milhões e é avaliada em US$ 75 bilhões, após rodada secundária anunciada no último mês.

Imagem: Internet
Próximos passos
Mais de 350 mil pessoas já constam na lista de espera indiana. O aplicativo será liberado primeiro para esse grupo, ainda este ano, dependendo da conclusão de KYC e análises contra lavagem de dinheiro. A empresa também negocia parcerias além da Visa, incluindo a rede nacional RuPay.
Aportes e equipe local
Para iniciar as operações, a fintech injetou US$ 45 milhões no país e adaptou toda a estrutura tecnológica às regras de soberania de dados. Do total de 10 mil funcionários globais, 3.500 estão na Índia – maior contingente da companhia, superando o Reino Unido.
No segmento de câmbio e remessas, a Revolut enfrentará concorrentes como Niyo, Scapia, Fi e BookMyForex.
Com informações de TechCrunch