Washington, EUA – A Sierra Space terá de redefinir o futuro de seu mininave reutilizável Dream Chaser depois de a NASA alterar o contrato firmado há quase dez anos para reabastecimento da Estação Espacial Internacional (ISS).
Em modificação anunciada nesta semana, a agência removeu a cláusula que assegurava a compra de voos de carga para a ISS. Pelo novo acordo, o Dream Chaser fará apenas um voo de demonstração autônomo no final de 2026, sem acoplagem ao laboratório orbital. O suporte da NASA nessa missão será mínimo, e a decisão sobre possíveis serviços de reabastecimento ficará para depois do teste.
Impacto financeiro
A mudança reduz drasticamente a previsibilidade de receita do programa. O contrato original da iniciativa Commercial Resupply Services (CRS) previa um teto de US$ 14 bilhões dividido entre Sierra Space, SpaceX e Northrop Grumman. Desse total, cerca de US$ 1,43 bilhão já foram empenhados especificamente à Sierra, valor que pode representar o limite do compromisso da NASA.
Empresas desse porte costumam depender de apoio governamental para custear o desenvolvimento de veículos espaciais. Como comparação, a SpaceX recebeu investimentos bilionários via programas Commercial Orbital Transportation Services e Commercial Crew para construir a cápsula Dragon e o foguete Falcon 9.
Novo foco em defesa
Sem a garantia de missões à ISS, a companhia aposta em mercados alternativos. Em comunicado divulgado na quinta-feira (25), o presidente do conselho, Fatih Ozmen, afirmou que a transição permitirá oferecer “capacidades únicas” para perfis variados de missão, incluindo demandas de segurança nacional e de clientes da área de defesa.
A estratégia reflete uma tendência recente do setor aeroespacial, em que startups ajustam planos no meio do desenvolvimento diante de prioridades governamentais voláteis e da ausência de mercados comerciais consolidados. A Sierra Space argumenta que a capacidade de reutilização e o pouso em pistas comerciais conferem versatilidade ao Dream Chaser para acomodar cargas diversas.
Imagem: Internet
Corrida contra o tempo
O voo de demonstração livre servirá para evidenciar essas qualidades antes que a ISS seja desorbitada, prevista para ocorrer por volta de 2030. Caso prove sua utilidade, o Dream Chaser poderá atender estações privadas emergentes ou missões militares e tornar-se o único veículo alado disponível para múltiplos clientes.
Até lá, porém, a empresa precisa mostrar que consegue transportar carga em órbita sem o apoio garantido que antes tinha da NASA.
Com informações de TechCrunch
