Morte de Luis Fernando Verissimo: um adeus ao mestre do humor e da crônica

Despedida de um ícone literário

O Brasil se despede de um dos seus mais ilustres escritores. Luis Fernando Verissimo faleceu neste sábado, 30 de agosto de 2025, aos 88 anos, em Porto Alegre, no Rio Grande do Sul. O autor estava internado no Hospital Moinhos de Vento desde o dia 11 de agosto, lutando contra uma pneumonia. Infelizmente, as complicações da doença se mostraram insuperáveis.

A saúde de Verissimo já vinha inspirando cuidados há algum tempo. Ele enfrentava dificuldades motoras e de comunicação, reflexo de uma série de problemas de saúde acumulados ao longo dos anos. Desde 2016, o escritor usava um marca-passo. Em 2020, foi diagnosticado com câncer ósseo e, no ano seguinte, sofreu um acidente vascular cerebral (AVC), que o afastou da escrita. Além disso, Verissimo convivia com a doença de Parkinson, que lhe impunha desafios diários.

Uma vida entre letras e notas musicais

Luis Fernando Verissimo nasceu em Porto Alegre, em 26 de setembro de 1936. Filho do renomado escritor Érico Veríssimo e de Mafalda Halfen Volpe, ele teve uma infância e adolescência marcadas por experiências culturais ricas, incluindo estudos nos Estados Unidos.

Foi no Rio de Janeiro que conheceu Lúcia Helena Massa, com quem se casou e teve três filhos: Fernanda, Mariana e Pedro. O casal manteve uma união sólida ao longo dos anos, sendo uma das muitas fontes de inspiração para o cronista.

De volta à sua cidade natal em 1956, Verissimo começou a trabalhar no departamento de arte da Editora Globo. Na década de 1960, sua paixão pela música o levou a integrar o grupo Renato e seu Sexteto. Paralelamente, iniciou sua carreira no jornalismo como revisor de textos no Zero Hora, onde, em 1969, começou a assinar uma coluna diária.

A trajetória literária de um mestre do humor

Ao longo dos anos, Verissimo se tornou um dos escritores mais queridos do Brasil. Sua habilidade em mesclar humor, ironia e crítica social em suas crônicas e livros conquistou milhões de leitores. Em 1970, ele passou a escrever para a Folha da Manhã, abordando temas variados, de cultura a política, esporte e comportamento.

Um marco em sua carreira foi a criação do semanário O Pato Macho, em 1971, um projeto que combinava humor, cartuns e entrevistas, circulando por um ano em Porto Alegre. Sua estreia no mundo dos livros ocorreu em 1973 com O Popular, mas foi com O Analista de Bagé, lançado oito anos depois, que sua popularidade disparou.

No total, Verissimo publicou mais de 70 obras, vendendo cerca de 5,6 milhões de cópias. Entre seus sucessos estão O Clube dos Anjos, O Jardim do Diabo, A Décima Segunda Noite e Os Espiões. Ele também deixou sua marca na televisão, contribuindo para programas de humor da TV Globo, e na música, compondo para a dupla Kleiton & Kledir.

Legado duradouro

Luis Fernando Verissimo não era apenas um escritor; ele era um cronista do cotidiano, um observador perspicaz das nuances da vida. Sua obra Comédias da Vida Privada é um exemplo de como ele conseguia transformar situações corriqueiras em narrativas envolventes e engraçadas.

Seus textos, sempre marcados por uma crítica sutil e um humor refinado, permanecerão como um legado inestimável para a literatura brasileira. Obras como A Grande Mulher Nua, Ed Mort: Todas as Histórias, As Mentiras que os Homens Contam, O Nariz & Outras Crônicas, e A Velhinha de Taubaté continuarão a inspirar e divertir gerações futuras.

Com sua morte, o Brasil perde um de seus grandes contadores de histórias, mas seu legado permanece, ecoando através das páginas de seus livros e das memórias de seus leitores.