Enquanto Nvidia e OpenAI firmam um acordo de US$ 100 bilhões que reforça a consolidação da infraestrutura de inteligência artificial, o Google Cloud segue um caminho diferente: conquistar empresas emergentes de IA antes que elas se tornem grandes demais para serem cortejadas.
Francis deSouza, diretor de operações do Google Cloud desde janeiro, lidera a estratégia. Ex-CEO da Illumina e cofundador da Synth Labs, ele afirma que nove dos 10 principais laboratórios de IA utilizam a infraestrutura do Google. Segundo o executivo, quase todos os unicórnios de IA generativa já rodam na plataforma, 60% das startups globais do setor escolheram o Google como provedor e há US$ 58 bilhões em compromissos de receita para os próximos dois anos – mais que o dobro da taxa anual atual.
Ofertas para atrair a “segunda onda”
Para startups, o pacote inclui US$ 350 mil em créditos de nuvem, acesso a equipes técnicas e suporte de mercado. Empresas como Loveable e Windsurf aderiram ao programa, tornando-se parceiras de computação primárias sem exigir investimentos bilionários antecipados.
O Google sustenta oferecer uma “pilha de IA sem concessões”, que cobre desde chips até modelos e aplicativos, sempre com opção de escolha em cada camada. A companhia também expande sua linha de chips ao negociar a colocação de TPUs em data centers de terceiros; um acordo com a britânica Fluidstack prevê aporte de até US$ 3,2 bilhões para uma instalação em Nova York.
Concorrência de gigantes e megainvestimentos
O mercado se movimenta em valores recordes. Além da recente parceria Nvidia–OpenAI, o investimento original de US$ 1 bilhão da Microsoft na OpenAI subiu para quase US$ 14 bilhões. A Amazon destinou US$ 8 bilhões à Anthropic, assegurando personalizações de hardware, e a Oracle fechou um contrato de US$ 30 bilhões com a OpenAI, seguido por um compromisso de US$ 300 bilhões para 2027-2032.
Mesmo o Meta, que constrói parte de sua própria infraestrutura, assinou acordo de US$ 10 bilhões com o Google Cloud e planeja investir US$ 600 bilhões em estruturas nos EUA até 2028. Já o projeto Stargate, de US$ 500 bilhões, une governo Trump, SoftBank, OpenAI e Oracle.
Neutralidade competitiva
Apesar de competir com seus próprios modelos Gemini, o Google Cloud fornece TPUs à OpenAI e hospeda o Claude, da Anthropic, via Vertex AI. Documentos judiciais revelam que a Alphabet detém 14% da Anthropic, relação que deSouza classifica como “parceria multilayer”.

Imagem: Internet
A postura de “Suíça” tem raízes em iniciativas de código aberto, como Kubernetes e o artigo “Attention Is All You Need”. Em 2025, a empresa publicou o protocolo aberto Agent-to-Agent (A2A) para comunicação entre agentes, reforçando a narrativa de ecossistema aberto.
Cenário regulatório
No mesmo mês, o juiz federal Amit Mehta emitiu decisão no processo antitruste contra o Google. A companhia evitou a cisão do navegador Chrome, mas o caso destacou receios de que seu domínio em buscas seja replicado na IA.
DeSouza prefere enfatizar possíveis impactos positivos: pesquisas sobre Alzheimer, Parkinson e tecnologias climáticas movidas pela infraestrutura do Google Cloud.
Interessados podem ouvir a entrevista completa com o executivo no podcast “StrictlyVC Download”, publicado às terças-feiras.
Com informações de TechCrunch







