Palestinos que deixaram a Faixa de Gaza e hoje vivem no Brasil receberam com alívio o anúncio de cessar-fogo entre Israel e Hamas, mas afirmam não ter planos de voltar ao território devastado. Eles temem que a trégua seja interrompida e citam a falta de condições mínimas de vida na região.
Evacuados pela FAB em 2023
Entre os entrevistados está Hasan Rabee, que foi retirado de Gaza com a família em outubro de 2023 em um voo da Força Aérea Brasileira (FAB). “Estamos felizes com a notícia do acordo e esperamos que desta vez dure”, disse. Apesar do otimismo cauteloso, ele teme que a entrega de reféns pelo Hamas leve o governo de Benjamin Netanyahu a retomar e intensificar a ofensiva.
Infraestrutura destruída
Rabee afirma que, mesmo diante de um possível pacto de paz prolongado, não vê condições para regressar. “Noventa por cento da população vive em barracas. Não há hospitais nem escolas”, descreveu. Segundo ele, a reconstrução pode levar “dez ou vinte anos”.
“Vou começar minha vida do zero onde não exista conflito. Muita gente pensa assim”, acrescentou.
Adaptação no Brasil
Outra família palestina, atualmente em São Paulo e que preferiu não ser identificada, faz avaliação semelhante. O pai diz que as crianças começam a se adaptar à escola e que conseguiu emprego. “Não temos luxo, mas conseguimos dormir. Em Gaza, nem isso era possível”, relatou.
Reunificação familiar
Os ex-moradores de Gaza ainda tentam trazer parentes que permanecem no território. Muitos não têm passaportes brasileiros e, por isso, não foram incluídos nas operações de resgate realizadas pelo governo.

Imagem: Internet
Incertezas pós-conflito
Rabee destaca que o fim dos combates não encerra as dificuldades. “O que vem depois da guerra pode ser dramático. Não há segurança e existe risco de conflito armado entre famílias”, afirmou.
Para ele e outros palestinos, o cessar-fogo representa apenas um respiro temporário, insuficiente para justificar um retorno imediato a Gaza.
Com informações de UOL