O cientista político Leonardo Trevisan, professor de Relações Internacionais da ESPM, afirmou que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump reúne condições para intermediar um acordo de paz entre Israel e o Hamas. A avaliação foi feita no programa Mercado Aberto, do Canal UOL.
Segundo Trevisan, a combinação de pressões externas sobre o premiê israelense Benjamin Netanyahu e o fracasso de recentes ações militares de Israel criou um cenário inédito de negociação no Oriente Médio. O professor destacou que um ataque israelense no Catar não atingiu a liderança política do Hamas, o que indicaria, na visão dele, uma proteção adicional ao grupo palestino.
“Foi a primeira operação da inteligência israelense em que os alvos não foram eliminados”, disse. Ele levantou a possibilidade de o Catar ter avisado o Hamas sobre a investida ou de o próprio governo norte-americano ter interferido. Para Trevisan, esse episódio abriu espaço para uma nova interlocução que envolve Catar, Arábia Saudita e Egito.
Influência direta sobre Netanyahu
Trevisan declarou que Trump exerce influência direta sobre Netanyahu e estaria usando esse peso político para acelerar um entendimento que inclua cessar-fogo, troca de prisioneiros e administração provisória da Faixa de Gaza sem participação do Hamas. “Trump avisou que tinha pressa tanto ao Hamas quanto a Netanyahu”, afirmou.
Como exemplo do alcance do ex-presidente republicano, Trevisan lembrou que Israel suspendeu ataques ao Irã depois que Trump manifestou oposição às investidas. “Isso mostra que ele possui meios para conduzir uma paz ordenada e um processo gradual de retirada israelense”, completou.

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O professor também observou mudanças internas na política israelense que, somadas à atuação de Washington e de países árabes, ampliam as chances de um acordo.
Com informações de UOL Notícias