Empreendedores de startups afirmam que taxa de US$ 100 mil para visto H-1B, imposta por Trump, é “tarifa de talento” que ameaça a inovação

Fundadores de empresas de tecnologia reagiram com preocupação à decisão do ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump de elevar para US$ 100 mil a taxa de solicitação do visto H-1B, cobrada do empregador. O aumento entrou em vigor na sexta-feira, 25 de setembro, e vale para novos pedidos.

O valor anterior variava entre US$ 2 mil e US$ 5 mil. Para Amr Awadallah, criador da Vectara, especializada em inteligência artificial, a mudança inviabiliza a contratação internacional por companhias emergentes. “Não tenho como pagar US$ 100 mil”, disse ele, que já emprega um profissional sob esse regime.

Visto disputado

Destinado a profissionais altamente qualificados, como engenheiros e especialistas em TI, o H-1B é limitado a 85 mil autorizações anuais — 20 mil delas reservadas a recém-graduados de universidades norte-americanas. A procura supera largamente a oferta, e as vagas são distribuídas por sorteio em março.

Segundo a organização fwd.us, mais de 700 mil estrangeiros vivem hoje nos EUA com o visto, acompanhados de cerca de 500 mil dependentes. Indianos formam o maior contingente de beneficiários, seguidos por chineses e trabalhadores de outros países.

Impacto financeiro

Levantamento da plataforma DesignRush indica que, dos 85 mil novos vistos anuais, cerca de 55 mil são para funções de computação. O custo total para o setor de tecnologia, que até então ficava entre US$ 200 milhões e US$ 400 milhões, passará a aproximadamente US$ 5,5 bilhões por ano.

A proposta inclui ainda a elevação do salário mínimo obrigatório a ser pago ao portador do H-1B, medida anunciada como forma de proteger trabalhadores norte-americanos. Críticos, porém, temem que a “tarifa de talento” prejudique principalmente startups, que dispõem de menos recursos que as gigantes do Vale do Silício.

Incertezas jurídicas

A advogada de imigração Sophie Alcorn, que atende empresários iniciantes, afirma que vários processos foram “pausados” enquanto se aguarda esclarecimento do governo. Não está claro, por exemplo, se a taxa será devolvida em caso de rejeição do pedido.

Busca por alternativas

Diante da nova barreira, algumas companhias avaliam vistos O-1 (para profissionais de habilidade extraordinária) ou EB-1A (reservado a líderes em suas áreas), embora o primeiro não permita que cônjuges trabalhem. A consultoria Cesium relata alta acima de 50% na procura por essas opções.

Empresas também estudam manter equipes no exterior. A Native Teams, especializada em folha de pagamento global, apurou aumento de 50% no interesse de clientes dos EUA por contratações remotas sem visto. Segundo a companhia, o valor gasto em um funcionário H-1B pode equivaler à contratação de até 20 profissionais fora do país.

Risco de êxodo de talentos

Investidores e empreendedores lembram que imigrantes foram responsáveis pela criação ou liderança de gigantes como Google, Microsoft e Tesla. Hemant Mohapatra, sócio da Lightspeed Venture Partners e ex-titular de H-1B por 15 anos, prevê lacuna de inovação caso o acesso ao visto se torne proibitivo.

Jeffrey Wang, cofundador da Exa.ai e filho de ex-portadores do visto, teme que famílias na situação dos pais dele não consigam mais entrar no país. Para ele, atrair os melhores profissionais reforça a segurança e a liderança tecnológica dos EUA, historicamente “uma nação de imigrantes”.

Com o endurecimento das regras, ecossistemas como Canadá, Alemanha e Reino Unido se apresentam como destinos alternativos para empresas que buscam ampliar operações e captar mão de obra qualificada.

Com informações de TechCrunch

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