Apostas esportivas viram peça-chave no caixa das ligas dos EUA, mesmo após prisões na NBA

As recentes prisões de um técnico e de um jogador em atividade da NBA por suposto envolvimento com apostas ilegais e jogos de pôquer manipulados voltaram a expor os riscos do mercado de apostas. Ainda assim, especialistas afirmam que as grandes ligas americanas não devem recuar de patrocínios bilionários firmados com casas de apostas regulamentadas.

Patrocínios bilionários

Segundo Victor Matheson, professor de Economia do College of the Holy Cross especializado na indústria do esporte, os acordos diretos entre ligas e casas de apostas somam “bilhões de dólares” ao longo de vários anos, superando US$ 1 bilhão por temporada.

“Esses patrocínios são muito importantes para as finanças das ligas e dos times. Por mais ricos que sejam, ninguém quer abrir mão desse dinheiro”, afirmou o pesquisador.

Explosão do mercado

Depois da decisão da Suprema Corte dos Estados Unidos em 2018, que liberou a legalização estadual das apostas esportivas, o setor cresceu rapidamente. No ano passado, apostas legalizadas movimentaram US$ 160 bilhões no país, valor bem acima dos pouco mais de US$ 100 bilhões gastos em loterias, de acordo com Matheson.

A receita bruta das operadoras – montante apostado menos os pagamentos aos vencedores – chegou a US$ 13,7 bilhões, alta de 23% em relação a 2023, segundo a American Gaming Association. A maior parte das apostas ocorre on-line.

Casas de aposta dentro dos estádios

Com a expansão do mercado, franquias como Arizona Cardinals (NFL), Arizona Diamondbacks (MLB) e Washington Wizards (NBA) fecharam contratos para instalar pontos físicos de aposta em seus estádios e arenas.

Publicidade impulsiona direitos de transmissão

Além dos patrocínios diretos, as operadoras gastam centenas de milhões de dólares em publicidade durante transmissões, programas pré-jogo e pós-jogo, segundo a consultoria MediaRadar. Essa injeção de verba eleva a receita das emissoras e, consequentemente, os valores pagos pelos direitos de transmissão, hoje na casa das dezenas de bilhões de dólares.

“É uma forma de manter o torcedor interessado até em partidas sem grande relevância”, comentou Michael Lewis, autor dos livros “Moneyball” e “The Blind Side”, que abordou o tema em seu podcast “Against the Rules”.

Impacto no esporte universitário

A NCAA não possui acordos com casas de apostas e proíbe apostas em esportes universitários, mas anunciou que atletas e funcionários poderão apostar em eventos profissionais a partir de 1º de novembro. Mesmo sem patrocínios diretos, o basquete universitário se beneficia do interesse gerado pelo chamado “March Madness”, que registrou cerca de US$ 3,1 bilhões em apostas em 2024, segundo a American Gaming Association.

Riscos à integridade

Para Jonathan D. Cohen, autor de “Losing Big: America’s Reckless Bet on Sports Gambling”, as detenções na NBA mostram que as ligas não estavam preparadas para lidar com possíveis fraudes. “Elas entraram nesse mercado sem avaliar todos os riscos, apenas enxergando o potencial de lucro”, disse.

Casos recentes reforçam a preocupação: dois arremessadores do Cleveland Guardians foram suspensos pela MLB em 2024 por envolvimento em apostas, enquanto seis jogadores da NFL receberam punições semelhantes em 2023. “Ainda não se questiona de forma ampla a integridade dos jogos, mas não estamos tão longe disso”, alertou Lewis.

Mesmo com os incidentes, a receita gerada pelas apostas legais tornou-se fundamental para o modelo de negócios das ligas profissionais dos Estados Unidos, sinalizando que a dependência financeira tende a continuar.

Com informações de CNN Business

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